Nosso olhar tende sempre para centro da página, em seguida vai para a direita.
A luz faz com que uma criança fique em foco, ela parece ter notado que algo está apontado para ela.
Logo percebo que a menina está com a mão na boca e seus olhos expressam algo.
Meu olhar segue a esquerda, vejo pessoas estáticas, sacolas , roupas, e as cabeças?
Não dá para saber quem é.
Essa observação faz com que eu permaneça com o olhar neste lado.
Noto uma simplicidade em tudo até na forma se segurar a sacola.
Esperando por algo, é no que posso pensar.
Volto para menina, noto que ela espera também, outra pessoa no fundo faz a mesma coisa, o que será, então?
Esperamos por tanta coisa nesta vida, por direito a educação, saúde pública... enfim... a luta diária continua e meu olhar também a observar.
A imagem um pouco escura parece deixar a situação ainda mais fria.
A menina parece querer falar, esses corpos estáticos a conhece?
Mas duas coisas estão na mesma altura da menina, as sacolas...
Uma sacola branca e uma preta com baldes. Eles podem passar facilmente despercebidos pelo nosso olhar...
O conteúdo que preencherá os baldes é o mais relevante,
Todos esperam, esperam e esperam...
Por algo que o recorte de um instante não explicou:
Pela sopa.
Essa fotografia foi capturada por mim em 15 de setembro do ano passado. Ela mostra a realidade das pessoas que esperam em filas nas comunidades por um prato de sopa. Neste caso, o espaço da entrega era no Feitosa. Não tenho a informação se a distribuição de sopa neste bairro continua, mas queria ressaltar que nosso trabalho nas escolas será como essa imagem. Ficarão em nossas memórias gravados instantes, que somente a gente poderá interpretar. Nós sabemos qual o nosso propósito de encontrar toda a semana as crianças nas escolas e vamos mostrar o objetivo, porém o que cada um tirará de todo esse aprendizado será diferente.
Por Elaine Gonzaga
Escola Municipal Frei Damião
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